Por vezes dá-se mais atenção aos computadores, software, redes e a toda a parafernália tecnológica que lhes está associada, esquecendo-se que o aspecto importante dos sistemas é precisamente a informação, e que é na produção e utilização da informação que está o valor, para o que contribuem muitos elementos não tecnológicos. Se nos focarmos no que isso representa e em todas as situações e problemas encontrados, poder-se-á chegar ao nível da catástrofe? Se nada for feito, que riscos deverão ser avaliados?

Risco Operacional: É possível?

Grande parte dos equipamentos, o hardware, está obsoleto e existe grande dificuldade em renová-lo, correndo-se o risco de não poder ser assegurada a manutenção por falta de suporte e descontinuação da parte dos fabricantes. Os próprios sistemas operativos, também antigos, já deixaram de ser mantidos.

Muita gente considera que o risco operacional é um risco real. Deveria ser avaliada a sua dimensão?

Risco Funcional: É possível?

As aplicações de base a SONHO, SINUS e a SClínico foram desenvolvidas com base em plataformas tecnológicas descontinuadas, em arquitecturas de informação antigas, funcionalmente obsoletas, e difíceis de migrar para plataformas actuais. 

As aplicações de gestão do processo clínico são vistas como bastante insuficientes do ponto de vista de pesquisas, actualizações ao processo por parte dos médicos, segurança e confidencialidade.

As duas versões de SClinico têm a sua evolução para interfaces aplicacionais com “mais conhecimento e eventualmente menos dados”, e com centralização no utente, comprometida pela obsolescência funcional.

Por isso há quem considere que podemos estar em presença de um risco funcional dos sistemas. É um risco possível? Deverá esta situação ser avaliada com rigor e com independência?

Risco para as Reformas e mudanças: Será real?

A necessidade de reforma dos cuidados de saúde é tão sentida que foram constituídas três comissões de reforma, a dos cuidados primários, a dos cuidados hospitalares e a dos cuidados continuados, para além de outras comissões que trabalham em diversas áreas. Estão portanto numerosas medidas de reforma em preparação legislativa e em planeamento de implementação, tais como os novos CRI’s – Centros de Responsabilidade Integrada, os novos Centros de Referência e de Excelência, o desenvolvimento de cuidados domiciliários e o controlo à distância, o trabalho por objetivos, a remuneração diferenciada por indicadores, a gestão da multipatologia.

Qualquer destas reformas e medidas pressupõem logo à partida o recurso a sistemas de informação potentes e ajustados às novas realidades que se pretendem implementar e às mudanças que são necessárias. Esse é o paradigma de qualquer evolução organizativa e funcional credível.

Veja-se o exemplo das Unidades de Saúde Familiar: nasceram totalmente informatizadas, e os seus sistemas já estão a necessitar de evoluírem. Queixam-se, entre muitas outras coisas, de que o módulo de monitorização não tem capacidade evolutiva e que os dados não batem certo com os de outras instituições.

Veja-se a rede de cuidados continuados, na sua maior parte constituída por prestadores privados, em que a evolução dos sistemas de informação é fundamental para a implementação dos novos conceitos de mobilidade e de evolução da rede, para a existência de colaboração e concorrência simultânea de modo a conseguir-se uma otimização de recursos.

Há por isso quem considere que existe um risco para as reformas e mudanças, por incapacidade de evolução dos sistemas de informação.

Em que medida será real? Deverá ser avaliado?

Hipoteca do Futuro: Existe este risco?

As grandes tendências atuais são o desenvolvimento da inteligência artificial, da exploração do BigData, das ligações e comunicação máquina/máquina, da automatização e robotização de processos. 

Quase ninguém vislumbra possibilidades de os sistemas existentes acompanharem as tendências da evolução tecnológica. E se existem orientações e quadros de referência com vista ao futuro, as consequências são apenas suportadas pelo papel.

Alguém sintetizou: vive-se o dia a dia e não se pára para pensar se as opções são as melhores e se o futuro é amanhã. 

Alguns hospitais de grande dimensão preocupam-se com este risco e procuram não ficar para trás, ainda que de uma forma incipiente.

A tecnologia vai acelerar. Será que nas condições atuais vamos poder assimilar essa evolução? Vamos integrar a inovação?

Deverá este risco de hipotecar o futuro ser avaliado?

Estes eram os grandes riscos identificados num estudo realizado há três anos em colaboração com a Ordem dos Médicos.

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