As políticas seguidas e as opções tomadas, por decisão própria ou condicionadas por constrangimentos diversos, de que um dos mais importantes é o de natureza financeira, não nos levaram apenas a uma encruzilhada de problemas. Obtiveram-se desenvolvimentos e a implementação, não sabemos se a custos relativamente baixos, de soluções muito razoáveis e até avançadas para o seu tempo.

As políticas de centralização e de imposição permitem obter muito rapidamente bons resultados. Pense-se o tempo que leva a resolver os problemas pela via da adesão e da negociação. Por isso são muito atrativas.

A elas se deve o que temos hoje e não somos os últimos da escala. A pergunta é: hoje isso é benéfico ou é prejudicial? E no futuro imediato?

O sentimento generalizado é de que a centralização foi levada demasiado longe num movimento de auto ilusão quanto à bondade das vantagens e de autismo quanto às desvantagens que a centralização trás em si. A primeira desvantagem é que centralização gera centralização e o centro deixa de poder responder adequadamente às necessidades, degradando a capacidade de resposta em tempo e qualidade. A segunda desvantagem é que o centro perde a adesão com a realidade local, forçosamente diferenciada, tendendo a encontrar soluções cada vez mais genéricas, cada vez menos flexíveis e logo desajustadas. A terceira desvantagem é a degradação da capacidade de reação local, de reajuste local de recursos, e de aproveitamento dos recursos locais. A excessiva centralização e o abuso de políticas impositivas são por isso altamente nefastas, produzindo uma insatisfação latente e uma resistência quase permanente. Não está excluído que provoquem uma concentração de riscos e por aí um incremento da vulnerabilidade global.

Uma das vantagens apontadas à centralização de decisões, em particular no que respeita ao investimento em sistemas de informação, é a da obtenção de economias por melhor racionalidade e por maior escala. Não encontrámos evidência que a suportasse.  Não é conhecida nenhuma avaliação detalhada dos investimentos feitos, nem das economias de escala eventualmente conseguidas.

A melhor abordagem será ter em cada momento o adequado mix de políticas entre a descentralização e persuasão e a centralização e a imposição, preservando a capacidade para o alterar para o momento seguinte?

Será possível prosseguir medidas impositivas sem em algum momento envolver nas soluções os principais interessados?